quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como posso melhorar a minha listening comprehension? – Parte 2

Por Michael Jacobs

Na primeira semana, um amigo – bem, ainda não era de fato um amigo, mas viria a ser –testou as suas habilidades de professor e começou a me ensinar os dias da semana. You know, segunda-feira, terça-feira… acho que não preciso dizê-los todos. Ai, que sofrimento! Não conseguia decorá-los, e os misturava, também. Não acertava a seqüência correta. “Sábado” e “domingo” não foram um problema tão grande, mas as duas palavras juntas dos dias da semana me atormentavam muito. Mas persisti e, dentro de umas duas semanas, estava pronto para maiores desafios. Não quero dizer com isso que, naquele ínterim, não tenha tentado outros lances, do tipo “quente”, “frio”, o verbo “gostar (de)” – este, sim, uma grande dor de cabeça, porque para nós, gringos, é um verbo bastante complexo. Ao aprender “gostar (de)”, tinha a tendência de omitir o “de”, o “da” e o “do” que viriam depois do verbo. O interessante é que o verbo correspondente em inglês, like, também é muito complicado. E não é que é um dos primeiros que queremos aprender na nova língua?

Onde eu estava? Ah, sim, falando das palavras que aprendi nas minhas primeiras duas semanas por aqui. Claro, não me lembro de todas elas, mas uma ocasião é nítida na minha memória: eu tentava obter instruções em São Paulo de como e onde pegar um ônibus para Santos. Acho que eu estava no bairro do Ipiranga. O meu vocabulário referente ao assunto estava limitado a “Eu vou para Santos” e “ônibus”. “Onde” era uma palavra que já conhecia, mas que tinha esquecido naquele momento. Com o verbo “pegar”, era pior: ele nem sequer havia entrado no meu vocabulário. A propósito: dizer “Eu vou para Santos”, a primeira frase inteira que consegui articular, me enchia de orgulho.

Como era gostoso poder me comunicar, mesmo parcialmente! Apanhei pra caramba pra achar onde deveria pegar o ônibus. Mas, de qualquer maneira, cheguei a Santos e, pelo que me lembro, foi naquele mesmo dia!

Outro fator que creio ser importante para melhorar a listening comprehension é fazer a distinção entre os verbos to listen e to hear, que, como você já deve saber, funcionam de maneira diferente daquela que ocorre em português. Se você pensa em “ouvir” apenas como to hear, e em to listen apenas como “escutar”, já começa com certa desvantagem. Pois, para melhorar, você precisará listen carefully, ou seja, “ouvir”, mas prestando bastante atenção. Concentrar-se bastante nos sons ao seu redor – e não é que ouvir os outros é uma habilidade, uma qualidade que muitos de nós precisamos desenvolver bastante? Realmente, ouvir os outros prestando bastante atenção no que estão dizendo é uma arte. Afinal, muitos de nós parecem ficar de boca fechada apenas o tempo suficiente para esperar uma brecha e, nisto, introduzir uma opinião própria.

Bom, vamos voltar ao que interessa. Como se desenvolve a listening comprehension para acelerar o aprendizado do inglês? A resposta mais óbvia é, claro, by listening, uai! Mas, se fosse tão simples, bastaria deixar a TV ligada na CNN ou na BBC e pronto. Após horas e horas de listening to the world’s news, você já estaria tinindo. Concorda?

Só que as coisas não funcionam assim. Você não vai chegar a lugar nenhum assistindo à TV passivamente. Aliás, não irá longe fazendo o que quer que seja de maneira passiva – isso até parece uma contradição. Se é de modo passivo, como se pode aplicar o verbo “fazer”? Não pode mesmo trazer bons resultados. Aliás, não traz resultado nenhum.

E é aí que reside o segredo de como melhorar. Praticando a língua, em toda a sua plenitude. Ouvindo, sim, mas falando também, tentando se comunicar. Trial and error, ou seja, por tentativa e erro. Tente, erre, tente de novo até acertar. Faça perguntas; repita-as; peça esclarecimentos; tente entender; cerre os dentes; enfim, tente! Vá em frente. Só assim você irá melhorar, um pouco de cada vez. Mas que a melhora irá acontecer, irá. Desde que você faça a sua parte.

Lamento informar a meus queridos leitores que não tenho fórmulas mágicas para resolver a questão. Não disponho de “regras” nem de segredos para fazer acontecer a tão desejada e crucial melhoria na sua listening comprehension. (E aqui vai uma resposta àqueles que fazem a mesmíssima pergunta para saber como melhorar o vocabulário: será só trocar o termo listening comprehension por vocabulary ao longo desta crônica, e terão a sua resposta também.)

Não é por ser alguém que publicou alguns livros e artigos sobre como melhorar o inglês que, automaticamente, eu possuo os segredos de Estado, guardados a sete chaves, que só digo aos interessados a preço de ouro. Não é por ser professor e autor que tenho o dom divino de saber métodos alternativos de como aprender inglês, nem de como “melhorar” a listening comprehension com facilidade. Acho que, no fundo, o que os meus leitores estão querendo saber é como facilitar o aprendizado, como melhorar a listening comprehension através de algum atalho; se é possível dar algum “jeitinho” para obter resultados rápidos. Basicamente, querem descobrir uma maneira de aprender sem fazer a parte deles, como se quisessem que alguém entrasse com o trabalho para só depois colher os frutos que outra pessoa plantou. (“Como ficar milionário sem trabalhar” também seria uma indagação do mesmo naipe.) Como diz uma leitora num e-mail para mim: Learning English is simple. But not effortless. (“Aprender inglês é simples. Mas não é sem esforço)”.

E eu ainda acrescentaria uma máxima de que uso e abuso. Melhorar a listening comprehension é realmente muito simples. Só que simples não é sinônimo de fácil.

Assim como com tantas outras coisas boas, é preciso um esforço do interessado – às vezes um esforço descomunal, é verdade – para progredir. Com uma única certeza: fazendo esse esforço, os resultados virão. Blood, sweat and tears são a ordem do dia. Foi com sangue, suor e lágrimas que comecei a aprender português. Bom, eu me empolguei e acabei exagerando um pouco. De sangue quase não precisei…

Claro, nestas linhas estou apenas expressando a minha própria opinião. Pode ser que existam na praça métodos milagrosos que provem que estou falando bobagem. Se você os encontrar, peço encarecidamente que me avise e farei o possível e o impossível para divulgá-los. Mas, até lá não tenho muito mais a acrescentar.

Fonte: http://www.teclasap.com.br/blog

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