Todos os dias, eu acordo com meu filho David murmurando os mais variados sons ; sons dos mais diversos que um bebê de um ano consegue fazer; desde o famoso " gu gu da da" à sons como: coin, coin, coin; pá, pá, pá; bera, bera, bera and so on and so forth. David está aprendendo a falar e para tanto, brinca com todos os sons que consegue lembrar e com isso, se aproxima cada vez mais da linguagem que os adultos usam ao seu redor. Será que esse, de certa forma, seria o mesmo processo para um adulto que está aprendendo a falar um segundo idioma?
Não tenho a resposta, mas através da Learning Tree, descobri que todos os ingredientes da storytelling: arte, música, humor e palhaçada aliada a magia de um espetáculo consegue, se não garantir o aprendizado dos alunos, at least, que esse aluno saia da experiência muito mais motivado a aprender. O fato é que é difícil saber o que realmente funciona na aprendizagem ( algumas técnicas ajudam a aprender mais rápido, outras só nos fazem perder tempo); mas disso ninguém duvida: o mais importante é querer saber.
Uma vez que conseguimos engage os nossos alunos nesse processo, só nos resta, como educadores, garantir o ambiente adequado e as melhores ferramentas para impulsionar esse aprendizado. Se a Learning Tree apresentada e cantada garante a magia, a Language Tree faz com que os alunos pratiquem brincando todos aqueles sons tão difíceis de uma língua estrangeira.
A Language Tree é uma grande brincadeira com sons, mas é bom explicar que não escolhi esse nome, o nome me escolheu. Embora os nomes " Learning and Language" possam ser parecidos, os dois trabalhos são bem diferentes, embora sejam relacionados. Se a Learning Tree fala sobre qualquer processo de aprendizado ( usando o inglês como foco de narração), a Language Tree é sobre os sons que a língua inglesa consegue produzir e a nossa relação, como aprendizes da língua, with it. E para explicar um pouco sobre como criei a Language Tree, preciso contar para vocês sobre o que eu aprendi com um estilo musical chamado Doo Wop.
O Doo-wop é um estilo de música vocal baseado no rhythm and blues. Surgiu inicialmente nas comunidades negras norte-americana, na década de 1940, e tornou-se popular nos Estados Unidos durante as década de 50 e 60. O estilo é caracterizado por um backing vocal harmonioso e suave, que muitas vezes os cantores faziam com a boca, imitando os próprios instrumentos musicais e que, frequentemente, repete onomatopéias ( Wikipédia).
Comecei a escutar Doo Wop quando eu estava tentando aprender inglês por conta própria nos anos 90. Sempre fui um grande garimpador musical e depois de ter assistido um filme do Steven Spielberg chamado " Always" e escutar a canção de amor do filme, descobri que aquela canção se chamava " Smoke gets in Your Eyes" era de uma banda chamada " The Platters". Fiquei fond of them e passei a pesquisar further sobre o tipo de música que ela faziam e descobri que havia outros milhares de grupos vocais como eles. Nesses grupos vocais, como um coral, cada cantor executava uma parte diferente da canção ( A maioria desses músicos eram garotos pobres que não tinham dinheiro para comprar instrumentos musicais e cantavam à cappella, ou seja, só utilizavam a voz como instrumento para fazer música).
Muitos arranjos, como dito acima, usavam onomatopéias, I mean, sons que imitavam carros, animais e combinações de sounds tão surreais que ninguém conseguia esquecer:
Wa bop a lu bop a lom bam boom
Rama lama lama lama ding dong
Who Put The Bop In The Bop Shoo Bop
Que são em alguns casos, verdadeiros trava-línguas, tão complexos quanto:
"She sells sea shells on the sea shore"
" Listen to the tongue twister and practise saying it. How fast can you say it?
"If you want to buy, buy, if you don't want to buy, bye bye!"
" Listen to the tongue twister and practise saying it. How fast can you say it?
"If two witches were watching two watches, which witch would watch which watch?"
Há inclusive clássicos da canção americana em Doo Wop. Veja abaixo a letra da canção tradição americana Blue Moon ( versão dos The Marcels)
Blue Moon
Bom ba ba bom ba bom ba bom bom ba ba bom ba ba bom ba ba dang a dang dang
Ba ba ding a dong ding Blue moon moon blue moon dip di dip di dip
Moo Moo Moo Blue moon dip di dip di dip Moo Moo Moo Blue moon dip di dip di dip
Bom ba ba bom ba bom ba bom bom ba ba bom ba ba bom ba ba dang a dang dang
Ba ba ding a dong ding
Blue moon, you saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own
Blue moon, you knew just what i was there for
You heard me saying a prayer for
Someone i really could care for
And then there suddenly appeared before me
The only one my arms will ever hold
I heard somebody whisper, "please adore me"
And when i looked, the moon had turned to gold
Blue moon, now i'm no longer alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own
Vídeo: http://youtu.be/v0fy1HeJv80
O doo-wop entrou em declínio no início dos anos 1960, com a ascensão de novos estilos de rock and roll - especialmente da Invasão Britânica. Contudo, grupos brancos como Beach Boys, influenciados pelo jazz-vocal (The Four Freshmen, entre outros) e doo wop, mantiveram o estilo com bastante sucesso nos anos de 1960, modernizando-o com a surf music vocal e, pouco depois, com o pop sofisticado e a música psicodélica, com vocais cada vez mais trabalhados e complexos. O doo-wop foi de grande importância na construção da soul music, sobretudo na gravadora Motown. No Brasil, o estilo foi representado por grupos como Golden Boys ( Wikipédia).
Baseado no Doo-wop e em uma demanda, cada vez maior, por parte de meus alunos por exercícios de pronúncia, comecei a elaborar alguns exercícios vocálicos para não só trabalhar a pronúncia, mas também ajudar a memorizar certos sons ou grupos de palavras que eram muito importantes para os meus alunos, principalmente aqueles que estavam começando o curso agora.
O primeiro exercício se tornou um aquecimento de inicio de aula, que eu chamei de A E I O U Song:
AEIOU
I WANT TALK TO YOU
UOIEA
I HAVE SOMETHING TO SAY
Outro exercício que criei foi uma brincadeira que fiz com aquele som Do Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó que todas as crianças aprendem nos primeiros anos escolar:
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Good morning, how can I help you?
Dó Si Lá Sl Fá Mi Ré Dó
Hold on, I will transfer your call
Ainda há um outro exercício que pratico como aquecimento que é usar as WH questions:
WHO what what what WHERE
what what what WHERE
what what what WHERE
what what what WHY
WHO when when when WHERE
when when when WHERE
when when when WHERE
when when when WHY
WHO how how how WHERE
how how how WHERE
how how how WHERE
how how how WHY
Porém, nenhum exercício se equipara a brincadeira onomatopéica que fiz com as palavras: falar, speak, quero e want. Tentem repertir os sons seguidos e em voz alta e vocês terão uma idéia do resultado.
Pi Pi Pi Fá
Eu quero falar
Eu quero falar
Pi Pi Pi Fá
I want falar
Eu quero speak
Eu quero speak
I want falar
I want to speak
Pi Pi Pi Fá
Eu quero falar
Pi Pi Pi Fá
Pi Pi Pi Speak
Fá Fá Fá Falar
Fá Fá Fá Falar
Pi Pi Pi Speak
Na teoria, eu sei que esses sons tão complexos, por serem grandes trava-línguas ajudam os meus alunos a articularem melhor as palavras, pois além de ser um grande exercício de pronúncia, eles também aumentam a confiança do aluno ao falar. Ao serem construídos usando similar, mas distinto fonemas, esses sons ajudam os Leaners a pronunciarem bem as consoantes nos finais das palavras como silenT e SilenCE ou a conseguirem pronunciar os sons do "Th" e do " R", tão temidos pelos alunos básicos do idioma.
Na prática, o que tenho visto nas aulas é que ao tentar produzir esses sons, o aluno deixa de se preocupar com a pressão de " falar fluentemente" , e foca na produção do som, sabendo que a pronúncia desses sons em si já é uma grande vitória nesse jogo divertido das linguagens, onde precisamos aprender uma coisa de cada vez.
E em tudo que a gente se sente vitorioso, há também aquela graça de querer repetir a experiência, just for the sake of it, como meu filho David faz toda manhã. Little by little, o garoto está dominando os sons; brick by brick", o guri vai treinando e ensinando o pai dele que só se aprende se divertindo.
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