By Denison de Lima
Chunks of Language tem sido um
assunto que ganhou notoriedade no ensino de língua inglesa no Brasil. No
começo, tratava-se de algo misterioso e praticamente impossível de ser tratado
em sala de aula. No Brasil, o assunto ainda é relativamente novo. Há sim um
grande interesse por parte de professores em saber o que são os tais chunks of
language e como ensiná-los. No blog Inglês na Ponta da Língua, já escrevi muito
sobre o assunto. Porém, lá o foco sempre foi aprendizes de inglês. No entanto,
aqui posso tratá-los com uma linguagem voltada especificamente para professores.
Antes de explicar o que são,
quero informar a todos que tecnicamente falando os chunks of language são
conhecidos como formulaic sequences ou formulaic language. Há ainda outros
nomes: lexical chunks, lexical units, lexica items, chunks, multi-word units,
ready-mades, prefabricated language, holophrases, entre outros. Independente do
nome usado, saiba que todos se referem a uma coisa só.
Alison Wray, linguista inglesa
e especialista no assunto, afirma que formulaic language é um “termo usado por
muitos pesquisadores para se referir às grandes unidades de processamento – ou
seja, unidades lexicais que são formadas por duas palavras ou mais” (Formulaic
Language: Pushing the Boundaries, p. 3). Essa é a mesma definição dada por
Scott Thornbury no livro An A-Z of ELT, página 85: “formulaic language
refere-se àquelas sequências de duas ou mais palavras que operam como uma se
fosse uma coisa só, uma unidade”.
Essas unidades – formulaic
language – não são formadas e nem mesmo processadas palavra por palavra. Elas
são armazenadas e puxadas da memória como se fossem um conjunto. Para facilitar
a compreensão, seguem abaixo alguns exemplos de formulaic language bastante
comuns na língua portuguesa:
“Por falar nisso…”; “Sinto
muito!”; “Me desculpa!”; “Não foi essa a intenção”; “Foi sem querer!”; “Me dei
mal!”; “Ai meu deus!”
“Bom dia!”; “Boa tarde!”; “Boa
noite!”; “Tenha um bom dia!”; “Como vai?”; “Tudo bem?”; “E aí?”; “Tudo joia?”;
“Até amanhã!”; “Te vejo na
(segunda)!”; “A gente se vê!”; Até mais (tarde)!”; “Até qualquer hora!”;
“Você quer…?”; “Que tal…?”;
“Quer um pouquinho de…?”; “O lance é o seguinte…”
“Onde você quer chegar com
isso?”; “O que você quer dizer com isso?”; “Para encurtar a conversar…”; “Essa
é uma longa história…”; “Você não sabe da missa a metade…”; “Ajoelhou, agora
tem de rezar…”;
“redondamente enganado”; “dar
uma festa”; “tomar vergonha na cara”; “arrumar a mesa”; “lavar as mãos”;
“escovar os dentes”; “distorcer a verdade”
“Agué mole em pedra dura…”; “A
cavalo dado não se olha os dentes”; “passar dessa para melhor”; “chutar o pau
da barraca”
Todas as expressões (sentenças)
listadas acima são excelentes exemplos de chunks of language (formulaic
language) em português. Nós aprendemos cada uma delas da forma como são. Ou
seja, aprendemos a dizê-las e interpretá-las como se fossem um conjunto e não
palavra por palavra. Ao batermos papo com alguém ou mesmo ao escrevermos um
email, por exemplo, esses conjuntos saem da cabeça como se fossem uma única
coisa. Nós não as formamos palavra por palavra.
Em inglês, os exemplos de
formulaic language são inúmeros também. Aliás, no ensino de inglês somos
expostos a formulaic language desde o primeiro momento que começamos a aprender
a língua inglesa:
“How old are you?”; “Where are
you from?”; “What’s your name?”; “How are you?”
“I’m sorry!”; “Excuse me!”; “I
beg your pardon!”; “Thank you!”; “You’re welcome!”; “Never mind!”; “No problem!”
“The thing is…”; “Would you
like…”; “What’s … like?”; “What does … look like?”; “By the way”; “So to speak”
“What’s up?”; “What’ve you been
up to?”; “What’ve you been doing lately?”; “Where’ve you been?”
“Get up early”; “Get up late”;
“flag down a taxi”; “run out of (money, gas, sugar, coffee, etc.)”;
“Very much mistaken”; “set the
table”; “throw a party”; “brush your teeth”; “send an email”; “stretch the
truth”
“Water dripping day by day…”;
“Kick the bucket”; “Go by the book”;
Como você pode ver a ideia representada
pelo chunks of language (formulaic language) não é nada complicada. Observe que
qualquer conjunto de duas palavras ou mais que possui um significado próprio e
só pode ser interpretado em conjunto é um chunk of language.
Em termos de ensino de
vocabulário (ensino lexical), você pode dizer que de um lado temos as palavras
isoladas e de outro os chunks of language. Ou seja, podemos ensinar as palavras
isoladas (casa, carro, vermelho, por, falar, nisso, como, você, está, o, que,
você, acha, disso, etc.); como podemos ensinar também os chunks of language do
modo como eles são usados em inglês.
De modo simples e prático, essa
é a explicação para o que são os tais chunks of language. Espero ter
esclarecido o assunto. Caso você tenha algum comentário ou dúvida deixe um
comentário. Em um post futuro, falarei sobre os tipos de chunks (a
classificação que fazemos) e também como eles podem mudar o modo como você
ensina inglês (a aplicação deles no ensino de inglês). For now, that’s all!
Take care!
http://www.denilsodelima.com/por-que-ensinar-chunks-of-language/
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