Em conversa por telefone com Zero Hora, desde Quito (Equador), a educadora americana Tracey Tokuhama-Espinosa, 47 anos, diz que o professor deve usar técnicas para prolongar o interesse dos alunos. A mais importante, entretanto, é se apaixonar pela disciplina que leciona.
Tracey Tokuhama-Espinosa, educadora, especialista em educação e neurociências da Universidade San Francisco, de Quito, no Equador.
A entrevista é publicada pelo jornal Zero Hora, 18-07-2011.
Eis a entrevista.
A senhora afirma que a capacidade de atenção do aluno só dura entre 10 e 20 minutos. Como se chegou a essa conclusão?
A partir de três diferentes fontes de informação: educação, psicologia e neurociência. No viés da educação, era muito clara a observação dos professores de como perdem a atenção dos alunos. Isso foi documentado em estudos. Na parte da psicologia, houve muitas pesquisas relacionando o armazenamento de informações na memória, analisando quanto tempo alguém pode manter uma ideia em sua mente. Isso tudo, mesclado com estudos em neurociência, mostram o tempo máximo e mínimo que uma pessoa pode estar alerta, focada em diferentes informações.
Como o professor deve lidar com isso e agir em sala de aula?
Há técnicas como mudar o foco da pessoa que está em evidência na aula, do professor para o aluno, por exemplo. O professor pode fazer uma pergunta a um estudante, transferindo a atenção. Também se pode trocar o assunto ou a atividade, a fim de superar esse tempo limite de atenção de 10 ou 20 minutos. Como sabemos que não há nenhuma aula de apenas 20 minutos, é preciso trocar constantemente de tema. O professor também pode criar pequenos grupos, mudando a localização dos alunos na sala. É preciso usar essas técnicas de mudar a pessoa, o lugar ou o assunto continuamente, para que esse relógio que conta os 20 minutos recomece sempre, mantendo os estudantes atentos.
Qual é a reação do estudante a um professor que fala 50 minutos sem parar?
Certamente, ele dorme (risos). Há várias reações, não é igual para todos. Depende do interesse que o estudante tem pela matéria, sua motivação interna para estudar esse assunto, sua relação com o professor, com seus conhecimentos prévios. Tudo isso tem uma relação com o tempo que se pode prestar a atenção. Há pessoas que ficam atentas durante 40 minutos porque estão altamente motivadas. Mas há outras na mesma sala que não têm tanto interesse, e perdem a atenção em seguida. Estudos feitos nos anos 60, nos Estados Unidos, indicam que, quando um professor só fala, fala, fala, 24 horas depois, apenas 5% das informações são retidas pelos alunos adultos. É muito óbvio notar, dentro de uma sala de aula, que essa metodologia de ensinar não funciona.
Há uma relação entre a idade e a capacidade de atenção?
Sim, os alunos maiores têm mais capacidade de atenção. Mas o ponto mais importante é que não se pode precisar o tempo de atenção. Isso depende de pessoa para pessoa. Se o aluno está fascinado por um assunto, pode passar horas e horas debruçado sobre ele. Mas, em salas normais, em que os alunos não têm o poder de escolher o que estão estudando, temos de entender que nem todos terão esse nível de motivação. É preciso saber como lidar com as crianças menos interessadas.
E como o professor pode fascinar seus alunos?
Uma das descobertas da neurociência que eu acho mais bonita é uma que chamamos de neurônio-espelho, que tem a ver com empatia. São neurônios que disparam quando veem ou identificam coisas que outra pessoa está fazendo. No momento que um professor está apaixonado pela sua disciplina, isso é contagioso. Mesmo quando o estudante não está muito interessado na matéria, a energia e o entusiasmo do professor podem despertar seu interesse. Um problema que temos nas escolas é que há uma grande quantidade de professores ensinando coisas que não gostam. Os alunos percebem isso, e não vão se sentir inspirados. Professor que gosta do que faz é a chave para provocar interesse do aluno.
Qual o resultado da falta de atenção para a aprendizagem?
Há uma fórmula simples para explicar isso, com dois fatores fundamentais para a aprendizagem: atenção e memória. Se não se tem atenção, não se tem memória. Se não se tem memória, não se tem aprendizado. Se não mantivermos os alunos com um bom nível de atenção, não haverá aprendizagem. A consequência é grave.
Dicas aos professores
Educadora
"Se não se tem atenção, não se tem memória. Se não se tem memória, não se tem aprendizagem. Se não mantivermos os alunos com um bom nível de atenção, não haverá aprendizagem."
- Mude o foco da pessoa que está em evidência na aula, do professor para o aluno, por exemplo. O professor pode fazer uma pergunta a um estudante, transferindo a atenção.
- Crie pequenos grupos, mudando a localização dos alunos na sala de aula.
- Professor que gosta do que faz é a chave para provocar interesse do aluno. Mesmo quando o estudante não
está muito interessado na matéria, a energia e o entusiasmo do professor podem despertar seu interesse.
- É preciso trocar constantemente de assunto.
Enviado por Fernando August..., seg, 18/07/2011 - 09:40 Unisinos
Fonte: http://www.eeduca.com.br/vernoticia.php?id=57
A Ciranda do Inglês é um blog interativo da escola "A Frank Experience" e visa a divulgação de artigos relacionados ao aprendizado e aquisição da língua Inglesa. A Frank Experience é um centro de aprendizagem que oferece aos seus alunos uma chance de vivenciar situações inéditas e desafiadoras, onde suas habilidades de comunicação através da fala, linguagem corporal, criatividade, entre outras habilidades podem ser postas em prática.
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