Há uma pergunta muito comum dos meus estudantes, principalmente quando começam a fazer um curso comigo: “o que mais posso estudar para melhorar o meu inglês?”
Sempre sorrio e respondo: “você!”
Eles estranham, afinal, estão acostumados a receber uma lista de livros, sites, dicionários como atividades extras. Nunca ouviram de nenhum professor que eles deveriam estudar a si mesmos. Daí, explico: “Revise o que você já aprendeu, crie mais exemplos relacionados a você. Não tente criar frases malucas ou complexas demais, apenas use a estrutura da gramática do que você já aprendeu e brinque com os exemplos que tem a ver com você.”
Eles dizem que sim, mas não acredito que eles façam isso (sei disso, pois já fui assim). A maioria deles vai buscar websites ou livros mais avançados que o nível que eles estão estudando, numa tentativa frustrante de querer se tornar um estudante avançado, sem usar bem o que ele já sabe.
Por isso que em minhas palestras e cursos, sempre lembro a todos os meus ouvintes que a melhor forma de aprender inglês é estudar a si mesmo. Revisar, revisar e revisar o que se aprendeu na aula anterior, e a partir daí, criar, ousar e exemplificar em frases, o cotidiano ao seu redor. Se ele fizer isso, perceberá, em pouco tempo que começará a se apropriar da língua, brincando com descrições e expressões, que não estão na apostila, nem no livro didático, mas que eles jamais se esquecerão.
Como evitar o esquecimento é a segunda pergunta mais comum que eu ouço, e a resposta é a mesma: para não esquecer, revise você!
Eles me olham novamente como se eu estivesse dizendo que a roda deveria ser quadrada. Porém, se esquecem completamente que a razão pela qual eles esquecem o que aprendem é porque estão tão preocupados em aprender o que vem em seguida, que descartam o que foi aprendido, não revisam, não reciclam, não brincam com as palavras, e com isso, sua memória, naturalmente irá descartar essas informações novas que são enviadas para a pasta de lixo mental.
Embora possa parecer um pouco cientifico demais, preciso falar sobre como o nosso cérebro recebe e armazena novas informações, afinal, a maioria dos estudantes ( o que inclui você) sempre buscará mais, mais e mais vocabulário, tentando cada vez mais encher suas cabeças de informação, sem saber que quanto mais informação extra, o cérebro recebe, menos se fixa; afinal, o cérebro precisa somente lembrar daquilo que a gente realmente precisa.
Sendo o computador maravilhoso que é, o nosso cérebro precisa processar tudo o que recebe de forma cada vez mais efetiva, rápida e seletiva, e ao receber uma enxurrada de informação; nada mais natural, que selecionar aquilo que interessa e descartar aquilo que não é necessário para nós. Ele compreende que aquilo que se repete é informação preciosa e precisa ser arquivada, e todo o resto, que só é visto uma vez, pode ficar de molho, em observação; ou se não for usado (revisado, no caso do inglês), será descartado para desocupar espaço. Quase tudo o que aprendemos em inglês fica de molho, esperando ser usado uma vez mais ( ou revisado), se não fizermos isso, o nosso querido e eficiente cérebro vai descartar essas informações na próxima faxina. Por isso, é preciso prestar atenção naquele pouco que você acha que aprendeu e fazer dele algo mais.
Less is more! Menos é mais! O nosso cérebro sabe disso, a gente não. Por isso é que entupimos a nossa cabeça de informação, sem organizar aquilo que deveria ser revisado para nos dar uma estrutura inicial sólida e eficiente.
Menos é mais quando o assunto é começar a aprender uma língua, se soubermos aprender a revisar bem aquilo que já aprendemos (antes de passarmos para a próxima unidade), perceberemos que esse “pouco” pode ser transformado em muito mais do que imaginávamos e nos tornaremos fluentes do que já sabemos.
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