segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fluência só vem com prática de conversa

Um dia de imersão também ajuda a destravar a língua ao bater papo

DENISE RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Arriscar umas palavrinhas no idioma consagrado como universal é fácil. Duro -mas desejável em qualquer currículo- é ter fluência em inglês.

Se a língua é um fenômeno oral, a proficiência só vem no ambiente de sua cultura, onde se convive com situações reais de comunicação. Essa é a tese de Ricardo Schütz, professor com mestrado em TESL (sigla para Ensinando Inglês como Segunda Língua).

Sem saber inglês até os 27 anos, tornou-se bilíngüe "sem estudo formal", com a assimilação natural, conceito da lingüística baseado no processo de aquisição do idioma materno por crianças. "Reaprende-se a estruturar o pensamento na forma da nova língua", diz.
Nas aulas, não basta dominar tempos verbais e construir frases gramaticalmente corretas. É preciso prestar muita atenção à pronúncia, especialmente ao começar a ler em inglês.

"Na falta de modelo apropriado para falar, assimila-se pronúncia baseada nas regras da língua-mãe. A maioria das escolas negligencia a formação da matriz fonológica do inglês, primeiro passo para fluência."

Seu projeto educacional on-line (www.sk.com.br), gratuito, tira dúvidas e tem professores voluntários de várias partes do mundo, fórum de debates e larga produção científica sobre assimilação natural.

Imersão
Quem precisa de um pronto-socorro em fluência pode recorrer aos cursos de imersão em vários formatos -desde final de semana até conversação por telefone.

A Folha foi conferir a aula da Berlitz, dona da marca "imersão total". Das 9h às 18h, cinco professores se revezaram propondo diálogos e situações ligados a temas de interesse.
Não se permite falar português. Até na hora do almoço um professor acompanha o aluno para incentivá-lo a destravar a língua. Funciona. Apesar da exaustão, no meio da tarde, dá para pensar em inglês e defender pontos de vista em conversas informais.

Mesmo afinada com a gramática, a farmacêutica Vanessa Lunardelli, 30, conta que sente receio ao falar inglês. E precisa usá-lo em seu trabalho na AI-3 Latin America, multinacional norte-americana: contata hospitais e clínicas e os treinamentos para médicos são em inglês.

A empresa tem convênio com a Alumni para oferecer cursos. "Sinto melhora no uso de estruturas verbais complexas. Para escrever dá tempo de pensar; para falar, não", diz.

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